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De amor e outros silêncios é um convite a adentrar os desdobramentos profundos em que o cotidiano nos impele a adoecer, muitas vezes, amputando-nos não só a voz, mas também os sentidos que a produziriam, como no poema Abrigo: “De alguma forma,/ a literatura acusa o raso,/ A doença silenciosa/ de não se abismar com o mundo.” A obra imerge em camadas individuais: o filosófico do eu, diante da vida, do amor e da morte; e sociais: a família, a sociedade, a injustiça — lugares tão comuns, onde o silêncio se instala e provoca fissuras, que, muitas vezes, só são tangíveis pelo poder de construção e reconstrução da palavra poética: “É tumulto que precede a palavra/ E acende a luz, mesmo do que em ti/ Tornara-se adiamento.” Há em alguns poemas a compreensão de que a escrita, a palavra, é tanto resgate do que o tempo engole, quanto resistência que transmuta e edifica, mundo-verbo tornando-se mundo-carne: “Eu, com palavras,/ Ao passo de pequenas larvas,/ Também mudo a paisagem do mundo.” Outro aspecto do livro evidencia o compromisso de denúncia social, tão necessário no contexto nacional e no mundo, em Contrato social, por exemplo: “Não há mais lirismo./ Estamos subjugados e desmistificados,/ Perdendo o campo e o calor de nossas raízes/ No negar do toque nas mãos de nossos filhos.” Assim, diante do que se cala, há a busca inquieta, ora em caos, ora em delírio, ora em êxtase, por horizontes que só se descortinam na sensibilidade da palavra.
GÊNERO: Poesia
110 páginas
14x21cm
