MINHA SOMBRA VESTIDA DE FLORES

A memória, tal como a terra, deve ser cultivada.
É preciso que esteja nutrida, fortificada de seus elementos e propícia ao plantio. Convém observarmos se está muito seca ou demasiado úmida. Nos dois casos, precisamos nos atentar: ela pode apodrecer.
Depois de nos certificarmos de que o solo está adequado, é hora da semeadura. É preciso apalpar a terra, borrar-nos, sem receio do porvir, mas com zelo. Nunca se sabe a raiz que resistirá.
Em seguida tomemos as sementes, depositando-as cautelosamente nos espaços, não tão profundos, a ponto de elas jamais eclodirem, não tão rasos, a ponto de se queimarem do sol.
Depois é a paciência da rega, jamais encharcando o solo, cuidando também para que não seque irremediavelmente. As sementes que ali repousam podem assim permanecer, recolhidas para sempre.
Se virá desta terra a flor ou o fruto que almejamos, dependerá da paixão cotidiana a que recriamos a lavoura do tempo, ininterrupto, cruel por vezes, mas imperioso sempre.
Minha Sombra Vestida de Flores é o primeiro livro de poesias do autor, onde ele recria, através da memória e da construção do tempo, uma possível compreensão para o futuro.

GÊNERO: Poesia
54 Páginas
13x18cm