FENDAS NO ESPELHO FUNDAM RIOS INTEIROS

À parte a questão árida, acalorada do que torna um texto poético ou não, Geovana escreve poesia viva em prosas e versos aprendizes do amor aluno, tecelões do ritmo, amálgamas de referências e de rimas não óbvias. Vírgula, não ponto-final, este livro é um corpo, e estes poemas são órgãos em um corpo em festa, um corpo em comício, um corpo em suplício. Um corpo em expansão, sem papas na língua, que faz das tripas coração. Órgãos terrosos, elétricos, viscerais, inflamados, aguerridos, amorosos, eróticos, contraditórios. “Me invento uma luta/um gemido novo/esqueço que já existo”: entre camadas e margens do rio perscrutando a palavra, essa sede de querer ser, mas nunca estar, “essa angústia abstrata/que tatuaram na tua pele”. No sabor da poesia de Geovana, nunca o agridoce, sempre combinações únicas e convites a experimentar e sublinhar. Uma dança da cadeira que nos tira e devolve o fôlego ao mesmo tempo.

Ana C. Moura. 

GÊNERO: Poesia
14x21cm