NINGUÉM HÁ DE DOAR-SE A DOIS AMORES (OU JULIETA)

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Que não me ouçam, porém, os desavisados em matéria poética, ou os que sofrem da síndrome de vanguarda. A sonoridade e o ritmo seguidos por essa ode ao amor, de Mathias de Alencar, não evocam o banal e o episódico. Tudo aqui tende ao simbólico e ao mágico, aos rituais báquicos de mistério, à dança dos nativos da Amazônia e da nossa raiz africana.
O que lemos é, pois, um convite à dança.
Se o poeta evoca o shakesperiano destino trágico dos jovens de Verona, não o faz para se perder na servidão voluntária ao modelo; antes, ressoa traços da típica tragédia tupiniquim, inscrita pelo abismo entre o andar de cima, em toda sobrecarga de seus preconceitos, e a vida no andar de baixo, em sua por vezes incrível coragem de sobreviver.
É preciso, pois, coragem para reatualizar a força poética dos grandes poemas narrativos, evocando a grandeza de Meireles, Tolentino e Cabral de Melo Neto. É preciso coragem para ressignificar Julieta, feita um mar em que deságuam os descaminhos de tantos desejos provocados em nossa época. 
Se sabemos o destino do amor, nem por isso deixamos de amar. De todos, o mais doloroso é sentido pela agonia final dos pais. Essa emoção insuspeita, trazida à superfície pelos versos de Alencar, leva a que leiamos a peça do bardo inglês de outra forma. "Ninguém há de doar-se a dois amores ou Julieta" faz ouvir o canto que é música a ouvidos apaixonados pela poesia, em seu ritmo catártico.
"Quem tem ouvidos para ouvir, leia."
Sebastião Machado

 
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