OS DESERTOS

"Neste livro de poemas Pedro, Paulo, Caio e o próprio Marcos Samuel são discípulos de uma certa vida coletiva cotidiana que Deus observa, talvez, sem a mínima preocupação. Uma vida dura, onde as drogas lícitas e o sexo (o sexo dito “sem significado” mesmo, isso na burra visão dos moralistas) é que fazem o amor acontecer com força e fúria desmedida. São meninos que se amam demais e se perdem por menos que um desejo ou uma curiosidade insana, profana, ou melhor, humana. Nesta coleção de poemas, Marcos está sempre em busca de uma solução melhor para sua poesia, como para sua vida. É o que nos sugerem os poemas repetidos em diferentes versões neste livro deserto, povoado de corpos, sêmens, odores,
dores e denúncias do ódio gritante para com aqueles que não se enquadram nesse mundo de hipocrisias e de anti-humanismo. A poesia é sempre uma guerra perdida, e o poeta é um louco gritando entre lobos famintos no deserto. Um louco que resiste, ama, sofre, sangra, morre e sobrevive."

Paulo Vieira