O romance se costura a partir do personagem Pirata, seus caminhos afetivos em encruzilhadas temporais, devaneios amorosos e uma jornada sinestésica e desafiadora de habitar uma cidade contemporânea no Brasil. Seus passos demarcam a vivência deslocada que o constitui desde muito, revirando uma vida repetitiva, dramas pessoais e o colocando como observador e ativador de camadas mais densas do cotidiano o qual todos comungamos. Um desenlace amoroso com a personagem Menina o precipita a olhar para si de outro modo e questionar que limites cultivamos para manter certa segurança aparente. Relações humanas para além dos acordos coletivos, incluindo a relação de Pirata com seu obtuso amigo Mahatma, encontros sexuais com corpos humanos de gêneros múltiplos e sem necessidade de definição, desejo, tristeza e medo misturado num tesão turvo – elementos que cruzam o caminho de Pirata e o desafiam a mirar a vida crua, pulsante e expansiva. Pirata avança na cidade, no tempo e nos afetos com certa petulância até esbarrar em uma peculiar personagem marginal que o provoca: o amor como movimento migratório constante, como balanço petulante e afirmativo mesmo que os outros insistam no ódio. Na narrativa há a exploração de diversas mídias, interferências imagéticas e musicais, usos de línguas diferentes e cenários possíveis, onde Pirata vai abrindo caminho num mundo em decadência e apogeu, sendo ele por vezes quem narra. Por outrOs trechos é a ausência que dá a paisagem e as dinâmicas ao narrador-expectador que costura o livro. Um fio de faca, um coração errante, a narrativa tensiona as polarizações usuais na mistura singular de estar vivo e melodramaticamente vivo no início do século XXI em uma cidade portuária. O livro é contemplado no prêmio variações de literatura LGTBQIAP+ trazendo da bissexualidade de Pirata somente uma primeira entrada que nos leva a encontros com o sexo, as performances de gênero, as relações amorosas e a violência que transpassam a comunidade e a sociedade embrutecida a qual fazemos parte. Desencontro, choque, densidade e fruição são palavras que acompanham a narrativa do romance, cingindo diversos platôs em um só golpe vital e amoroso.
SOBRE O AUTOR
Carioca de nascimento, capixaba de criação, Gabriel Alvarenga é escritor, psicólogo e professor, e mistura arte e vida em seu percurso. Autor de quatro livros em literatura, O Bem pela raiz (2012), Lúcia se fecha (2012), Supernova (2017) e O cubo e outros contos cariocas (2023), encontra na literatura um campo de liberdade, ousadia e afetividade onde contar histórias se apresente como potência da vida, desafio estético e encontro explosivo.
Gênero: Romance
Dimensão: 14x21cm
Páginas: 248
Capa: Brochura
Miolo: 1x1. Avena 80g
ISBN: 978-65-5404-223-9
Ano: 2024