Um grupo está amotinado na esquina de um antigo bairro do centro da cidade. É noite. Os integrantes portam garrafas, tochas, instrumentos e cantis com gasolina ou querosene. Formando uma roda, o grupo entoa uma cantoria com palavras indígenas desconhecidas, ao mesmo tempo em que queimam papeis e afinam instrumentos. Alguns usam faixas e andam nus do pescoço até a cintura. As mulheres amarram lenços de seda em suas próprias cabeças ou ajustam suas botas e outros acessórios táticos de campanha. Além do material inflamável e outros objetos de pirofagia, há, ainda, facões, estacas e garrafas de bebida, cachaça, talvez. Um grupo com doze pessoas. Todas com posturas desafiadoras e proféticas. Preparam-se para tomar de assalto os clientes de um bar: um casarão antigo, talvez do início do século XX, que é reaproveitado como bar temático e artístico. Chama-se Café Imaginário, com uma placa luminosa na fachada. O ambiente do bar tem uma atmosfera artística elevada, preenchida pela fumaça dos cigarros e pelas melodias densas do jazz e dos sofisticados experimentos da música brasileira.