CARNAVAL DOS JUSTICEIROS

Nas crônicas reunidas neste livro, Viegas lapida o ordinário dos dias por meio das palavras exatas, escolhidas com esmero, como quem separa o feijão para dar de comer ao próximo. Ironia, humor, lirismo, a fratura exposta, o carinho na pele; se os justiceiros desfilam seu carnaval de horrores, há também quem ouse desobedecer a ordem de não alimentar os macacos. Tratando a crônica como a poesia do cotidiano, nestes textos o autor se revela como um cidadão em território fraturado, comprometido com seu tempo e sua gente sem, entretanto, abandonar o humor e a esperança. A aldeia do cronista tornada global, a dor pessoal refletindo o “sentimento do mundo”, porque tal qual Drummond, também neste livro a pretensa impotência de duas mãos – atrofiadas – plantaram textos-sementes que são, fundamentalmente, potência.
Em Carnaval dos Justiceiros encontramos a crônica tratada com o respeito que lhe é devido, como gênero literário que carrega consigo a vida das ruas e as dores humanas ressignificadas pela arte.