PRÉ-VENDA
Este é um livro sobre o fogo, digo sem medo de me queimar. É, portanto, um testemunho de nosso tempo e de nossa gente, de uma poética cuja tarefa é, como dizia Eduardo Galeano, ajudar a olhar. O poema é o próprio fogo, como tocha que nunca apaga, iluminando os dias mais escuros, respondendo à maneira singular do poeta às lágrimas de sua época. A América Latina é território de fogueiras, incêndios, desmatamento e de molotovs nas paredes e vidraças. O fogo se vinga, furioso, sobre prédios, canaviais, palavras e memórias, derrubando impérios, profetas, pobres, fronteiras, amores, engenhos e mercados. Ele queima, aquece, ilumina. Forja tuas armas. Cozinha teu alimento e tua sina, mas também pode te matar. Por isso, cuidado, é um aviso de incêndio: talvez esses poemas queimem seus olhos. Talvez eles acendam fogueiras pelo seu caminho, para que veja o mundo em chamas – que você sempre olhou, mas nunca viu. Podem ser velas ou lamparinas para te ajudar a caminhar quando fizer escuro. É uma tentativa de encontro, entre teus olhos e o mundo. Para quem procura à simples [e cruel] contemplação de palavras bonitas retiradas de um mundo miserável, como fuga da realidade, este é o endereço errado. Faço meus os versos ditos por Maiakovski em À plena voz: “Eu,/com a palavra,/não costumo acariciar/ouvidos”. O livro conta com prefácio de Lilian Sais, Orelha de Thiago Cervan, apresentação de Mauro Iasi, quarta capa de Flávia Figueiredo e posfácio de Ana Favorin. Eduardo Galeano, certa vez, bem descreveu que o papel das palavras andantes é denunciar o que dói, mas também compartilhar a alegria. Eis a função destes poemas. Escrever é, portanto, a nossa maneira de bater e abraçar [como ele dizia] e de apagar e provocar incêndios nessa terra do fogo. E eu, mensageiro, espero, apenas, que você se queime na paixão desses versos.
ATENÇÃO PARA OS PRAZOS
DURAÇÃO DA PRÉ-VENDA: até 10 de março
PREVISÃO DE ENVIO: a partir de 10 de abril
