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há mais de cinco anos angel compartilha o corpo com palavras. ou as palavras com o corpo. depois de um tempo, ficou difícil saber quem era hóspede e quem era hospedeiro. diz a lenda que nessa terra sem nome os versos brotam dos poros antes de caírem no papel. as palavras chegaram com a chegada de um corpo e até então não se soube outra maneira de existir. em um mergulho profundo e pandêmico, alguns poros inundaram e as palavras começaram a se afogar alí. dar à luz não é a única forma de dar à vida, e foi em apneia que nasceu noiva cadáver, o primeiro livro da escritora do corpo
às vezes sinto que sou mãe de todos os corpos. corpos famintos de palavras, agora vos dou de comer páginas e páginas de tecituras. bebeis do sangue de uma noite cadáver.
a artista vive recentemente em sua pequena e claustrofóbica cidade natal - Farroupilha, na região nordeste do Rio Grande do Sul. passa seu dias escrevendo e criando em paixão e compulsão através das palavras, da fotografia, do vídeo, da performance e da escrita. tem um quarto para cada sentir e um cômodo onde todos eles dançam juntos por dentro. cursa fotografia na universidade da cidade vizinha e fala algumas línguas que ninguém entende, os livros sempre dormindo e acordando consigo junto a mesa de cabeceira, desde mesmo antes de se entender por gente. se viver é mergulhar, escrever é encontrar com uma sereia no meio do caminho e aprender com o corpo a esculpir branquias por onde respirar. colocar as palavras no mundo é contar esse segredo pra outros corpos, pra outra gente. dar a luz e à morte pra outros anjos. sereias. e fadas. que descubramos nossas próprias formas de respirar.
GÊNERO: Poesia
88 páginas
14x21cm
